A colonização classificou raças, também, a partir do corpo e da estética. Ao longo dos séculos, a estética negra foi desvalorizada, implicando sofrimentos psíquicos especialmente entre mulheres negras. Contudo, a literatura sobre o tema está majoritariamente circunscrita à população infantil, adolescente e adulta, apontando para uma lacuna na compreensão do diálogo entre estética, negritude e velhice. O objetivo do presente estudo foi analisar a forma como mulheres negras idosas atribuem significados à sua estética. Para isso, foram entrevistadas 11 mulheres negras residentes do Distrito Federal, de idades variadas entre 61 e 84 anos, sendo a média igual a 68,5 anos. Os trechos foram analisados sob a ótica da Análise do Discurso, originando duas categorias para a apresentação e discussão dos resultados: (1) a fuga da estética negra como tentativa de ascensão social: memórias da juventude; e (2) a velhice como momento de cura: a remediação de feridas estéticas coloniais. Notou-se que as percepções das participantes sobre a própria estética se modificaram com o tempo, apontando para a velhice enquanto um período de ressignificações de vivências, mediadas pelo contato constante com o contexto sócio-histórico onde o indivíduo se insere.
Colonization also classified races based on body and aesthetics. Over the centuries, black aesthetics have been devalued, resulting in psychological suffering, especially among black women. However, the literature on the topic is mostly limited to children, adolescents and adults, pointing to a gap in understanding the dialogue between aesthetics, blackness and old age. The objective of the present study was to analyze the way in which elderly black women attribute meanings to their aesthetics. To this end, 11 black women living in the Federal District were interviewed, aged between 61 and 84 years old, with an average of 68.5 years old. The excerpts were analyzed from the perspective of Discourse Analysis, originating two categories for the presentation and discussion of the results: (1) the escape from black aesthetics as an attempt at social ascension: memories of youth; and (2) old age as a moment of healing: the remediation of colonial aesthetic wounds. It was noted that the participants' perceptions of their own aesthetics changed over time, pointing to old age as a period of resignification of experiences, mediated by constant contact with the socio-historical context in which the individual lives.