“Eu, vigilante”: (re)discutindo a cultura punitiva contemporânea a partir das redes sociais

Revista de Estudos Criminais

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ISSN: 16768698
Editor Chefe: Fabio Roberto D'Avila
Início Publicação: 31/12/2000
Periodicidade: Trimestral
Área de Estudo: Direito

“Eu, vigilante”: (re)discutindo a cultura punitiva contemporânea a partir das redes sociais

Ano: 2014 | Volume: 12 | Número: 52
Autores: Gustavo Noronha de Ávila, Marcelo Buttelli Ramos
Autor Correspondente: ÁVILA, Gustavo Noronha de; RAMOS, Marcelo Buttelli | rec.puc.adm@gmail.com

Palavras-chave: Política criminal; criminologia; redes sociais; punitivismo; mídias.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O presente artigo tem por objetivo apresentar as primeiras reflexões dos autores relativamente ao papel desempenhado pelas redes sociais, bem como pelos seus usuários nesse contexto de ampla e franca expansão de uma mentalidade punitiva. Trata-se, pois, de uma relação que merece ser ampla e detidamente estudada por todos aqueles que se (pré)ocupam com a elaboração de planos de ação que venham a mitigar os danos provocados pela mentalidade punitiva em nossa já esfacelada tessitura social. Estabelecidas e justificadas, pois, as premissas que embasam, desde o ponto de vista teórico, a preocupação dos autores relativamente ao rumo que tem tomado o debate sobre a questão criminal no Brasil, parte-se para a análise (e consequente problematização) dos discursos que, explícita ou implicitamente, aparecem estampados nos post’s elencados em página do Facebook intitulada “quem não gosta de polícia é bandido”. Nesse sentido, resta o seguinte diagnóstico: a dinâmica célere do processo de interação social propiciada (e mesmo estimulada) pelo ciberespaço parece suscitar, na atual conjuntura político-criminal, debates ao mesmo tempo superficiais e efêmeros, que representam verdadeiros retrocessos no que tange à consolidação de uma cultura de respeito aos direitos humanos, mormente de respeito aos direitos dos acusados/apenados. De qualquer modo, depreende-se que a investigação do tom do debate sobre a questão criminal no âmbito das redes sociais pode servir aos investigadores interessados como uma espécie de termômetro a revelar as tendências, preferências e direções do punitivismo contemporâneo.



Resumo Inglês:

This article aims to present the first reflections of the authors regarding the role played by virtual social networks and its users in the context of a broad and expanding punitive mentality. There is a relationship that deserves to be widely and carefully studied by all those worried with the preparation of action plans that will mitigate the damage caused by the punitive mentality in our already crumbling social fabric. Established and justified the theoretical point of view regarding the direction it has taken the debate on the criminal matter in Brazil, we proceed to the analysis (and consequent questioning) of speeches that, explicitly or implicitly, appear stamped on “post’s” listed on a Facebook page titled “Who does not like the police is a criminal”. In this sense, there is the following diagnosis: a rapid dynamic process of social interaction made possible (and even encouraged) by cyberspace seems likely to be superficial and ephemeral, which represent real setbacks with regard to consolidation of a culture of respect for human rights, especially in relation to the rights of the accused/convicts. Anyway, it appears that the investigation of the tone of the debate over the criminal matter within social networks can serve interested researchers as a kind of thermometer to reveal trends, preferences and directions of the contemporary control society.