A partir de uma pesquisa realizada no extremo norte do estado de Goias, busco discutir alguns aspectos da vida de pessoas que rodam o trecho, circulando por diversas areas do centro-norte do pais em virtude do garimpo ou do trabalho itinerante para firmas ligadas a grandes projetos de desenvolvimento. Meu foco aqui reside na discussao das implicações dessa forma particular de mobilidade sobre relacoes de cunho sexual, amoroso e familiar. Busco entao extrair algumas consequencias do ponto de vista nativo a respeito de tais experiencias, argumentando que através delas e possivel ter acesso a elementos centrais da sociologia e cosmologia do grupo em questao. Ao mesmo tempo, procuro sugerir como as praticas e ideias associadas ao trecho articulam de maneira complexa continuidades e mudancas, uma tradicional “cultura da andanca” sertaneja persistindo e transformando-se diante da proliferacao de grandes projetos “modernos” de desenvolvimento economico.