Este artigo busca apresentar as construções narrativas e discursivas sobre a Aids em 31 matérias publicadas no jornal Folha de S. Paulo durante os anos de 1994 e 1995, selecionadas a partir de uma amostra aleatória. A partir das teorias constituintes das Ciências da Linguagem (a teoria lingüÃstica, a semiótica narrativa e discursiva a partir de A. J. Greimas, a etnologia e a psicanálise freudiana, na releitura de J. Lacan), a leitura dos textos jornalÃsticos desloca-se da área das Ciências Sociais para a área de confluência das correntes teóricas voltadas para a linguagem, indicando como estão construÃdas as narrativas sobre a Aids nos textos analisados. As análises indicam a configuração de três grandes grupos temáticos nas matérias estudadas: Estado, ciência e homossexualidade. Cada um dos grupos engloba matérias com abordagens diversas, mas sua confluência se faz, finalmente, em dois grandes eixos: a oposição mal x bem, compondo a doença e o doente como recobertos por imagens de "pecado" e "dano", e a ciência como a redentora destes males, capaz de "curar" e "salvar". A estrutura básica do discurso da Aids reveste-se, assim, de configurações imaginárias relacionadas ao domÃnio do religioso e do mÃstico: o pecado e a salvação, o pecador e o salvo.
The present work aims to present narrative constructions about Aids published in 31 articles in the Brazilian newspaper Folha de S. Paulo in 1994 and 1995. The articles were selected out of random sample. Analysis of the texts was carried out based on the Sciences of Language, pointing out how the narratives about Aids are built. The following language theories were used during the analysis: F. Saussure's linguistics theory, A. J. Greimas's narration semiotics, C.-L. Strauss's ethnology and J. Lacan's Freudian psychoanalysis. These articles about Aids can be divided into three major groups: State, Science and Homosexuality. Each group involves a wide range of articles with different approaches which converge to two basic points: evil versus good. The disease and the sick are presented as having images of "sin" and "damage". Science is presented as the redeemer which freeds people from evil and is capable of "curing" and "saving". The basic structure of the narrative about AIDS is, therefore, impregnated with religious and mystic images, that is, sin and salvation, the sinner and the saved.