Os discursos sobre o papel da mulher na sociedade são recorrentes, envolvem diversos percursos temáticos e mobilizam a memória de muitos dizeres, possibilitando a produção de diversas identidades. Este artigo visa a analisar a (re)configuração discursiva da identidade feminina numa propaganda da Justiça Eleitoral (Eleições 2016), que visa a incentivar a participação da mulher na polÃtica, e retoma a memória de discursos acerca dos lugares ocupados pela mulher no mercado de trabalho, marcados pela desigualdade de gêneros. Considerando os aportes teóricos da Análise do Discurso de vertente francesa, alicerçamos este trabalho nas discussões de orientação foucaultiana, complementando com os estudos culturais (HALL, 2015; SILVA, 2014) no que diz respeito à s considerações sobre identidade. Nessa direção, compreendemos que o sujeito é fragmentado, como as identidades que o constitui. Não há identidade sem sujeito e também não existe sujeito sem discurso. As análises realizadas permitiram-nos observar que a propaganda da Justiça Eleitoral põe lado a lado enunciados conflitantes, pertencentes a formações discursivas que se digladiam, moldando identidades diferentes e opostas.