Asociação da saúde oral com as manifestações e gravidade da fibrose cística

Revista Brasília Médica

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ISSN: 2236-5117
Editor Chefe: Eduardo Freire Vasconcellos
Início Publicação: 01/09/1967
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Enfermagem, Área de Estudo: Medicina, Área de Estudo: Saúde coletiva

Asociação da saúde oral com as manifestações e gravidade da fibrose cística

Ano: 2023 | Volume: 60 | Número: Especial
Autores: Ana Carolina Colafemina, Camila Delegá, Cecília Frazatto, Antônio Ribeiro, José Dirceu Ribeiro, Aline Gonçalves, Márcio Lopes
Autor Correspondente: Ana Carolina Colafemina | rbm@ambr.org.br

Palavras-chave: defeitos do esmalte dental, fibrose cística, cárie dental

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

INTRODUÇÃO: A fibrose cística (FC), por vezes referida como mucoviscidose, é uma doença autossômica recessiva, monogênica, multissistêmica, progressiva e degenerativa, que até o momento não tem cura. No mundo todo afeta cerca de 105.000 pessoas, sendo 5.773 no Brasil e destas, 1.444 estão no estado de São Paulo. FC é caracterizada pelo defeito no transporte iônico através da membrana celular nas células epiteliais das vias aéreas, pâncreas, glândulas salivares e sudoríparas, intestino e aparelho reprodutor, resultando em secreções mucosas espessas e viscosas, que causam obstrução de ductos e canalículos glandulares. Na boca, os pacientes podem apresentar principalmente redução do fluxo salivar, inflamação gengival, defeitos do esmalte dental e cárie.

OBJETIVO: Avaliar defeitos do esmalte dental, higienização bucal e índice de placa, respiração oral e tipo de mordida, hábitos de sucção não nutritiva, prevalência de cárie, inflamação gengival e possíveis associações, manifestação pulmonar, alterações gastrointestinais e endocrinológicas.

METODOLOGIA: Estudo observacional, descritivo, com amostra de conveniência. Fizeram parte desse projeto 82 pacientes com diagnóstico de FC a partir de zero anos de idade atendidos em um centro de especialidade da doença. A avaliação bucal foi realizada por meio de exames clínicos realizados no Serviço de Odontologia e os exames clínicos médico e resultados laboratoriais foram coletados dos prontuários dos participantes.

RESULTADOS: A presença de cárie dental foi observada em 17,07% dos pacientes. Por outro lado, defeitos do esmalte dental foram observados em 47,56% dos pacientes e foram mais comuns na dentição permanente, principalmente nos dentes anteriores superiores, de pacientes com ao menos um alelo F508del. Inflamação gengival também foi frequente, tendo maiores índices nos pacientes com maior tempo de hospitalização para tratamento da agudização da doença pulmonar. Mordida aberta se apresentou em 20,73% dos pacientes, nos quais 76,47% possuíam respiração oral ou mista. Foram constatados 34 pacientes com respiração bucal e 67,64% tinham hábitos deletérios. Além disso, em 15 pacientes que apresentavam doença pulmonar mais avançada, não havia troca regular da escova dental e a maioria tinha maiores índices de placa dental.

CONCLUSÃO: Apesar da baixa frequência de cárie, os defeitos do esmalte dental, inflamação gengival e alterações na oclusão foram frequentes, além da associação da maior gravidade da doença pulmonar com infrequente troca de escovas dentais e maior inflamação gengival, reforçando a importância do cirurgião-dentista no atendimento destes pacientes.