No final da primeira década do século XXI, o Brasil iniciou
um ciclo de maior ativismo diplomático e de investimentos
no setor de defesa. Estes, com vistas a adquirir capacidade de
projeção de poder e a fomentar sua indústria de defesa. Tais
iniciativas, com potencial de alterar a distribuição de poder
na América do Sul e no Atlântico Sul, afetam os cálculos de
potências estabelecidas como o Reino Unido, que possui
territórios, interesses econômicos e tropas estacionadas
na região. Diante disso, este artigo investiga a seguinte
problemática: considerando os interesses estratégicos do Reino
Unido e o incremento das capacidades militares que o Brasil
pretende alcançar, qual a avaliação dos think tanks britânicos a
respeito dos investimentos em defesa brasileiros? Com base na
metodologia de análise de conteúdo da produção ideacional
divulgada, argumenta-se que os think tanks britânicos
articularam uma narrativa majoritariamente positiva sobre o
Brasil, vislumbrando nos programas militares oportunidades
para a indústria de defesa do Reino Unido. Argumenta-se
também que o incremento das capacidades militares do Brasil
e de seu protagonismo diplomático foram percebidos como
um elemento potencialmente estabilizador da América do
Sul, ainda que houvesse ceticismo quanto a efetividade e real
disposição do Brasil desempenhar esse papel.