Perspectivas otimistas quanto ao futuro do Brasil foram projetadas em diversos momentos da história brasileira. Invariavelmente tais projeções fundaram-se mais na reiteração das mesmas do que propriamente em elementos concretos que as justificassem. O desenvolvimento do capitalismo do Brasil, sobretudo, a partir da década de 1950 propiciou perspectivas mais tangíveis em relação a este futuro opulento. O cenário do “milagre econômico” (1968 – 1974) se converteu, deste modo, em um cenário fértil para emersão deste discurso. As “obras faraônicas” promovidas pela ditadura militar – como, por exemplo, as rodovias Transamazônica e Perimetral Norte, as usinas de Itaipu, Tucuruí (hidrelétricas) e Angra (nuclear) e a ponte Rio-Niterói – foram apresentadas como símbolos do processo de modernização e de desenvolvimento econômico em curso no país, fatores sintetizados na retórica do “Brasil Grande”. Determinados projetos de intervenção estatal na Amazônia foram utilizados para promover tal retórica. Destarte, houve um intenso esforço propagandístico, tanto por parte dos veículos oficiais de comunicação, como pela imprensa, para reiterar e difundir o discurso do “Brasil Grande. Neste sentido, as reflexões aqui propostas se pautam na compreensão do papel da imprensa na apropriação e difusão da retórica do “Brasil Grande” e sua vinculação as ações de intervenção estatal em marcha na região amazônica no período entre 1968 e 1974.