O artigo analisa a disciplina de canto orfeônico no perÃodo conhecido como era Vargas, problematizando-a como uma biopolÃtica de regulação da população uma vez que assumiu função estratégica na difusão do discurso positivo sobre a miscigenação no Brasil. Os recursos e fontes utilizados na pesquisa são os manuais de canto orfeônico produzidos pelo compositor Heitor Villa-Lobos, que, diga-se de passagem, foi o maior incentivador da prática nas escolas brasileiras e um importante intelectual das artes comprometido com o problema da identidade nacional. A análise compreende o perÃodo 1931, ano em que se institui o decreto lei nº 19.890 que dispõe sobre a organização do ensino secundário e inclui o canto orfeônico na grade curricular, até o final da ditadura do Estado Novo em 1945, quando Villa-Lobos abandona sua carreira no campo da educação. Os resultados da pesquisa permitem-nos relacionar diretamente a prática do canto orfeônico com a composição e difusão da narrativa identitária nacional de 1930 que consolidou o chamado mito da democracia racial no paÃs.
The article analyzes the discipline of orpheonic singing in the period known as the Vargas Years, questioning it as a regulatory biopolitic of the population, since it assumed a strategic role in spreading the positive discourse about miscegenation in Brazil. Resources and sources used in the research are the manuals of orpheonic singing produced by composer Heitor Villa-Lobos, which, by the way, was the biggest supporter of the practice in Brazilian schools and an important intellectual of the arts, commited with the problem of national identity. The analysis covers the period that starts in 1931, year that was established the Decree Law No. 19.890, which provides for the organization of secondary education and includes orpheonic singing in the curriculum, until the end of the Estado Novo dictatorship in 1945, when Villa-Lobos abandoned his career in education. The research results allow us to directly relate the practice of choral singing with the composition and dissemination of a national identity narrative of 1930, which consolidated the so-called myth of racial democracy.