Em 1962, na imprensa carioca, a euforia tomou conta da crítica cinematográfica. Diante dos novos filmes nacionais em produção, obras voltadas para temáticas sociais, acreditava-se na superação de uma precariedade existente no cinema brasileiro. Entusiasmados com o processo de renovação cultural, os críticos passaram a denominá-lo Cinema Novo, sugerindo que tal conceito abarcava os mais variados filmes em contraposição às chanchadas. A partir de um viés generalista, eles difundiriam uma noção elástica de Cinema Novo que incluía um vasto espectro de experiências estéticas. No entanto, para uma jovem geração de realizadores engajados, em busca de um projeto criativo independente e autoral, essa concepção genérica de renovação significava uma perda de substância. Em sua visão, antagônica ao posicionamento que crescia na imprensa, Cinema Novo significava exclusivamente um movimento político e formal revolucionário. Também atuando na crítica jornalística, eles instalariam uma disputa acirrada contra o senso comum. No epicentro do conflito, que teve Glauber Rocha como um de seus protagonistas, estavam as definições iniciais de um conceito que se tornaria central na história cultural brasileira.