O que é ser feliz? Entre várias perspectivas possíveis, fundamentalmente, harmonizar anseios com o que se consegue desvendar sobre o mundo e sobre si mesmo, com o sentido que se atribui à vida. É construir a própria trajetória compatível com esse sentido de viver e alcançar a plenitude do ser. Entretanto, para Cioran, o homem, ambicionando a totalidade do ser, a isso não pode chegar, esvaziado continuamente pelo caráter transitório e relativo de tudo. Tudo é provisório e a vida é um contínuo lançar-se para a frente, mas que nos dribla sempre porque nada permanece. Paradoxalmente, Cioran sugere o movimento como forma de permanecermos despertos e atuantes em nossa inquietação; e, como numa forma de adesão filosófica e prática a nossa condição, o desconhecimento de por onde vamos, a incerteza, a ruptura, e não a satisfação, é o que nos lança para a frente. A felicidade, para Cioran, nos paralisa.
What is being happy? Among several possible perspectives, fundamentally, it means to harmonize longings with what a man can unveil about the world and about himself, with the meaning given to life. It is to build his own trajectory compatible with this sense of living and achieving the fullness of being. However, for Cioran, man, aiming the fullness of being, cannot reach it, because he gets emptied continuously by the transient and relative nature of everything. Everything is provisory and life is an ongoing launching forward, but it always dribbles us because nothing stays the same. Paradoxically, Cioran suggests movement as a way to remain awake and active in our restlessness; and, as in form of practical and philosophical adherence our condition, the ignorance of where we are going, uncertainty, disruption, not the satisfaction, is what casts us forward. Happiness, for Cioran, paralyzes us.