RESUMO
INTRODUÇÃO: A prevalência de transtorno de depressão maior (TDM) em diabéticos adultos é cerca de duas ou três vezes maior do que aquela observada na população em geral, apesar de ainda não haver uma associação causal entre ambas. Para o diagnóstico de depressão no paciente diabético foram validados instrumentos específicos no Brasil, como o Inventário Beck de Depressão (IBD) e o Depressive Cognition Scale (DCS).
OBJETIVO: Comparar as escalas IBD e DCS no diagnóstico de TDM em uma população diabética, correlacionando-as com o controle glicêmico.
MÉTODOS: Estudo transversal com aplicação de questionário composto pelo IBD, DCS e um formulário socioeconômico a portadores de diabetes mellitus usuários de um serviço especializado em diabetes no Distrito Federal, Brasil. O controle glicêmico foi avaliado pelo valor da hemoglobina glicada registrada em prontuário eletrônico no período da coleta dos questionários.
RESULTADOS: Foram incluídos 157 pacientes. O IBD acusou 8,9% dos participantes como disfóricos (14/157) e 19,1% como depressivos (30/157). O DCS mostrou 70 participantes como depressivos (50,3%). Houve uma associação do diagnóstico de depressão pelo instrumento IBD com níveis elevados de hemoglobina glicada (p=0,05). Todavia, não foi possível correlacionar o escore do DCS com os valores da hemoglobina glicada.
CONCLUSÃO: Houve uma correlação positiva em ambos os instrumentos, mas somente o IBD mostrou correlação com o controle glicêmico.
Palavras-chave: Depressão; Diabetes mellitus; Inventários Beck de Depressão; Escala de Graduação Psiquiátrica; Questionário de saúde do paciente.
ABSTRACT
INTRODUCTION: The prevalence of major depression disorder (MDD) in adult diabetics is about two or three times higher than that observed in the general population. However, there is no causal correlation between them. For the diagnosis of depression in diabetic patients, specific instruments were validated in Brazil, such as the Beck Depression Inventory (BDI) and the Depressive Cognition Scale (DCS).
OBJECTIVE: To compare the efficacy of the IBD and DCS scales in the diagnosis of MDD, correlating them with glycemic control.
METHODOLOGY: Cross-sectional study with questionnaires composed by IBD, DCS, and a socioeconomic form applied to patients with diabetes mellitus users of a service specializing in diabetes in the Federal District, Brazil. Glycemic control was assessed by the value of glycated hemoglobin of these users retrieved from electronic medical records at the time of questionnaire collection.
RESULTS: Of the 157 included patients, the IBD classified 8.9% as dysphoric (14/157) and 19,1% (30/157) as depressive. The DCS classified 70 patients as depressive (50,3%). There was an association between the diagnoses of depression by IBD with higher glycated hemoglobin levels (p=0.05). However, it was not possible to correlate the DCS score with glycated hemoglobin values. CONCLUSION: There was a positive correlation between both instruments. However, only the IBD showed a correlation with glycemic control.
Keywords: Depression; Diabetes mellitus; Beck Depression Inventory; Depressive Cognition Scale; Patient health questionnaire.