A etnóloga Julie Delalande, autora do livro La cour de récréation, contribution à une anthropologie de l’enfance (Rennes, Ed. PUR, 2001), encontrou-se com a cineasta Claire Simon, realizadora do documentário Récréations (Les Films d’Ici, ARTE France, 1992), que mostra crianças de três a seis anos na hora do recreio no pátio de uma escola. Elas conversaram a respeito de suas abordagens das crianças da escola maternal francesa. Compartilhando a mesma intuição – de que as crianças vivenciam um momento importante de sua existência na hora do recreio –, elas debatem a sutileza de apreender sua experiência quando se é, aos olhos das crianças, um adulto forçosamente dominante. Somente o reconhecimento daqueles que se vem observar permite o acesso a esse universo. Descobre-se então como, entre uma lógica do desejo e uma lógica do social, as crianças aprendem desde a escola maternal a ser atores para seguir adiante. Ali, ao invés de permanecerem seres que devem ser educados, elas são atores de seu texto.