Este artigo centra-se na análise e descrição dos modos como alunos de quarta série narram as percepções sobre si mesmos, bem como o que sugerem sobre algumas atividades, práticas culturais e temas de interesse presentes em seus modos de ser e fazer. Toma-se como ponto de partida a constatação de que no contexto contemporâneo os jovens tem se constituído como um modelo cultural desejado por todas as gerações, fenômeno que tem sido denominado juvenilização da cultura. A partir disso, a intenção é refletir se estudantes de quarta série experimentam apenas elementos das culturas da infância, ou se tal fenômeno manifesta-se, em alguma medida, na experiência desses alunos. A investigação foi realizada a partir de observações em seis turmas de quarta série junto a três escolas de Porto Alegre/RS, sendo uma particular, outra pública estadual e uma pública municipal. Conversas informais e questionários inspirados no formato de histórias em quadrinho constituíram outras estratégias utilizadas para produção de dados. Diário de campo e gravações foram utilizados como principais recursos de registro. O aporte teórico que fundamenta a escrita do artigo está pautado principalmente nos estudos de autores como Carles Feixa e Manuel Jacinto Sarmento. As narrativas dos estudantes possibilitaram constatar que os alunos das quartas séries pesquisadas constituem um grupo heterogêneo em relação às percepções identitárias e os pertencimentos geracionais que expressam sobre si mesmos, ou seja, uns narram-se crianças, outros “mais ou menos” criança e há aqueles que não se consideram crianças. Foi possível constatar o processo de “hibridização” identitária dos estudantes de quarta série, os quais se mostraram constituídos por elementos tanto das culturas infantis como das culturas jovens. Ficaram evidenciados, ainda, alguns indícios de juvenilização da cultura.