Custos do teste do suor em indivíduos com fibrose cística: comparação entre valores estimados e repasse pelo Sistema Único de Saúde

Revista Brasília Médica

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ISSN: 2236-5117
Editor Chefe: Eduardo Freire Vasconcellos
Início Publicação: 01/09/1967
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Enfermagem, Área de Estudo: Medicina, Área de Estudo: Saúde coletiva

Custos do teste do suor em indivíduos com fibrose cística: comparação entre valores estimados e repasse pelo Sistema Único de Saúde

Ano: 2023 | Volume: 60 | Número: Especial
Autores: Gabriel Medrado-nunes1, Juliana Cana Brazil Costa2, Victor Valença Bomfim1, Maria Thereza Evangelista1, Tatiane a Ferreira2, Edna Lúcia Souza1
Autor Correspondente: Gabriel Medrado-nunes | rbm@ambr.org.br

Palavras-chave: fibrose cística, sus, custos, diagnóstico.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

INTRODUÇÃO: O teste do suor (TS) é considerado o padrão ouro para o diagnóstico da Fibrose Cística (FC). A avaliação quantitativa de íons cloreto no suor pode ser realizada através de titulometria ou coulometria, sendo esse último o mais comumente utilizado, no presente. Embora a doença possa ser diagnosticada na infância ou na vida adulta. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) só tem cobertura para o máximo de dois exames, realizados até dois anos de idade, em centros habilitados para a triagem neonatal para a FC.

OBJETIVO: Comparar os custos estimados para a realização de TS em um centro de referência com os valores repassados pelo SUS.

METODOLOGIA: Trata-se de um estudo de corte transversal realizado em um centro de referência de assistência para pessoas com FC. Foram incluídos todos os indivíduos com FC acompanhados, submetidos ou não à triagem neonatal. Obteve-se os dados clínicos, através dos prontuários médicos; sendo registrados, também, os TS realizados por indivíduos com FC na instituição no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2022, através do Sistema SMART ®, o qual contém informações relativas à realização do exame. A estimativa dos valores monetários do teste foi baseada na Tabela de Procedimentos, Medicamentos e Órteses e Materiais especiais do SUS (SIGTAP), que considera o repasse para a realização do TS de R$ 150,00. Para comparação entre os valores estimados e os faturados foi realizada a diferença entre os valores totais e aqueles que preenchiam os requisitos para validação.

RESULTADOS: Foram incluídos 67 indivíduos, 56,8% do sexo masculino, mediana de idade de 108 meses. No período, a população estudada foi submetida a 162 TS, sendo que 49 indivíduos realizaram dois testes e 18 foram submetidos a mais de dois exames, totalizando 28 exames adicionais. As medianas de idade (meses) de realização do primeiro e do segundo TS foram, respectivamente, 6 e 16. Vinte e seis crianças (38,8%) foram encaminhadas para realização do TS através da triagem neonatal, dos quais, apenas uma tinha idade > 2 anos, no momento da realização do segundo TS. No total, 48 TS foram realizados em crianças > 2 anos de idade, sendo 21 o primeiro TS e 27 o segundo TS. Os 162 TS realizados representariam o valor de R$ 24.300,00 correspondente aos gastos com indivíduos com diagnóstico confirmado de FC. Entretanto, apenas o valor R$ 9.750,00 foi coberto pelo SUS, a partir de março de 2013, período em que o TS foi incluído na SIGTAP, o que representou 40,12% dos custos de TS com indivíduos portadores de FC no período.

CONCLUSÃO: Importante parcela dos custos com TS, realizados na instituição, não tem repasse pelo SUS, gerando um grande ônus. Portanto, é fundamental que o TS seja incorporado no sistema público de saúde para realização em todas as faixas etárias.