Este artigo analisa o perfil dos entregadores por aplicativos no município de Salvador, Bahia, à luz do contexto evolutivo dos modelos produtivos. Entre os principais elementos formadores do perfil destaca-se a preponderância de trabalhadores negros, jovens, com experiência profissional, e que hoje têm no trabalho de entregas por aplicativo sua principal fonte de renda. Além de traçar o perfil desses trabalhadores, buscamos responder, mesmo que preliminarmente, em que medida o trabalho digital no modelo online-to-offline favorece a precarização ainda maior do trabalho. Nesse sentido, o presente trabalho investigou os pontos positivos (“batedeira”) e negativos (“laranjadas”) que permeiam o cotidiano dos entregadores por aplicativo de Salvador (BA) para assim identificar quais são os principais fatores envolvidos na dinâmica dessa atividade, ainda em expansão. A pesquisa seguiu uma abordagem quantitativa na forma censitária em alguns pontos de fluxo de entrega na orla de Salvador, sendo possível concluir que diante do cenário de flexibilização das relações trabalhistas e da redução de postos formais de trabalho, a precarização vista no ambiente de trabalho dos entregadores soteropolitanos passa a ser naturalizada e tratada como uma alternativa de sobrevivência validada socialmente pelos jovens, constituindo um paradoxo onde o mesmo trabalho que aprisiona aparentemente liberta.