Diagnóstico de fibrose cística com triagem neonatal negativa e pancreatite de repetição

Revista Brasília Médica

Endereço:
SCES Trecho 3 - AMBr - Asa Sul
Brasília / DF
70200003
Site: http://www.rbm.org.br/
Telefone: (61) 2195-9710
ISSN: 2236-5117
Editor Chefe: Eduardo Freire Vasconcellos
Início Publicação: 01/09/1967
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Enfermagem, Área de Estudo: Medicina, Área de Estudo: Saúde coletiva

Diagnóstico de fibrose cística com triagem neonatal negativa e pancreatite de repetição

Ano: 2023 | Volume: 60 | Número: Especial
Autores: Daniela de Souza Paiva Borgli, Maria de Fátima Servidoni, Carla Cristina Souza Gomez, Maria Ângela Gonçalves de Oliveira Ribeiro, Samira Braga da Silva, Gisele Braga Jara, Gabriel Hessel, Antônio Fernando Ribeiro, José Dirceu Ribeiro
Autor Correspondente: Daniela de Souza Paiva Borgli | rbm@ambr.org.br

Palavras-chave: fibrose cística, triagem neonatal, pancreatite

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

INTRODUÇÃO: Pacientes com FC podem desenvolver pancreatite aguda(PA) ou pancreatite aguda recorrente(PAR). A PAR ocorre em cerca de 20% dos pacientes com FC e suficiência pancreática e em 1% dos pacientes com insuficiência pancreática. Estudos têm demonstrado que correlação entre PAR é positiva com suficiência pancreática e com variantes de menor gravidade do gene CFTR(classe IV-VI).

OBJETIVO: Avaliar o diagnóstico de FC, por sequenciamento completo do gene CFTR e teste do suor(TS) por dosagens de íons de cloreto em paciente com PAR, porém com triagem neonatal(TNN) negativa. Metodologia: Relato de caso descritivo de corte transversal. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética do Hospital Universitário (4.916.484).

DESCRIÇÃO: Paciente LRA, feminino, com quatro anos de idade. Apresenta episódios de sibilância recorrente desde o primeiro ano de vida. Após o terceiro ano de idade, apresentou dois episódios de PA, com intervalos de cinco meses entre eles, caracterizando PAR. Antecedentes pessoais: Nasceu de parto cesárea, Apagar 9/10. A dosagem de TIR na TNN mostrou valores normais na primeira e segunda amostra. O peso e estatura sempre foram adequados para idade, sem sintomas característicos da FC. Em mais de um exame apresentou níveis de triglicérides, glicemia e imunoglobulinas séricas normais. Realizou-se colangiopancreatografia por ressonância magnética que mostrou ausência de malformações em ductos pancreáticos. A tomagrafia computadorizada de tórax evidenciou: impactação mucóide, perfusão mosaico e espessamento peribrônquico bialateral. Os valores de espirometria e de oscilometria de impulso mostraram valores dentro da normalidade. Sem diagnóstico etiológico da causa da PAR, foram solicitados pesquisa das variantes do gene CFTR e da função da proteína CFTR pelo teste do suor. Para a avalição dos íons de cloreto no suor, foi utilizado o método de iontoforese com pilocarpina para estimulação do suor pela técnica de Gibson e Cooke. Coletaram-se três amostras de suor sendo uma coleta com coletor do tipo serpentina e duas coletas com papel filtro e após as coletas foram realizadas três análises (i)cloridrometria; (ii)colorimetria e (iii)titulometria manual. A quantidade de íons de cloreto no suor foi analisada em quatro dosagens sendo que todas apresentaram valores acima de 60mEq/L. No cloridrômetro os valores obtidos foram de 91mmol/L e 92 mmol/L; no espectômetro de massas foi de 106,28mEq/L e com o kit titulométrico foi de 94,18mEq/L, todos os testes de suor foram compatíveis para o diagnóstico de FC. No sequenciamento completo do gene CFTR foram encontradas as variantes F508del e V232D, ambas de classe II.

DISCUSSÃO E COMENTÁRIOS FINAIS: Apesar dos enormes avanços e da contribuição do TIR na TNN para sugerir o diagnóstico de FC, os seus valores de sensibilidade e especificidade não são 100% e, com isso, alguns pacientes não serão encaminhados aos centros de referência para o diagnóstico. A equipe de saúde necessita se manter atenta aos sinais e sintomas da FC em lactentes que tem TNN negativa incluindo aqueles com PAR.