O presente artigo tem o desafio de discutir a ambivalente relação entre chegada ao poder através de concessões aos setores conservadores da sociedade, prenunciada na chamada “carta ao povo brasileiro” e o discurso da disputa pelo poder baseado no argumento da busca por ganhos sociais relevantes, na qual parte da esquerda brasileira se encontra imersa desde a vitória do Partido dos Trabalhadores em 2002 na eleição presidencial no Brasil. Apresentamos aqui os atores e os principais acontecimentos que dão embasamento para a discussão proposta. Para dar fundamentação teórica, analisamos o caso à luz da teoria marxiana, buscando viabilizar reflexões a respeito da seguinte questão: alguns setores da esquerda brasileira, ao não realizarem rupturas estruturais no sistema de poder no país, tornaram o reformismo social e econômico uma forma conservadora de busca do poder, articulando o arrefecimento das tensões entre as classes? Concluímos que o reformismo proposto é um mecanismo de não abandono completo das propostas de busca por justiça social, no entanto, é a renúncia de qualquer possibilidade de mudanças estruturais, seja nos valores, na ordem ou na própria estrutura de dominação.
This article has the challenge to discuss the ambivalent relationship between arrival in the power through concessions to conservative sectors of society, foreshadowed in the "letter to the Brazilian people" and the discourse of the struggle for power based on the argument of search for relevant social gains, in which part of the Brazilian left is immersed since the victory of Workers Party in 2002 in the presidential election in Brazil. Here are the actors and the main events that give basis for the proposed discussion. To give theoretical basis, we analyze the case in light of Marxian theory, seeking to enable reflections on the question: some sectors of the Brazilian left, do not perform structural failure in the power system in the country, made the social reformism and economic conservative as a search of power, articulating the cooling of tensions between the classes? We conclude that the proposed reformism is a mechanism not completely abandoned the search for social justice proposals, however, it is the exclusion of any possibility of structural changes, whether the values in the order or in the structure of domination.