Uma das características que marca a realidade brasileira acerca do atendimento aos alunos dotados e talentosos (D&T), seja para identificação ou mesmo para desenvolvimento é no mínimo, de negligência. O desmazelo é tamanho que o Censo Escolar aponta que somente 2.006 alunos foram identificados como superdotados no ano de 2004 e, 2.769 em 2005 alunos. Este número não corresponde nem a 0,005% dos quarenta e três milhões de estudantes matriculados no ensino fundamental e médio do país. De outro modo, é sabido não temos ainda um instrumento psicológico padronizado e validado, a disposição dos psicólogos escolares e, especificamente direcionado para a identificação desta população no Brasil. Ainda assim, sabe-se que neste processo de identificação o papel do professor na nomeação bem como a utilização de outras estratégias é fundamental. Ancorados numa perspectiva de trabalho em que o olhar volta-se para a formação de professores, o presente estudo tem por finalidade, a priori, identificar na percepção de seus professores e alunos, os possíveis alunos dotados e talentosos. Assim sendo, amparados na utilização de um instrumento (do tipo lista), de própria autoria, que propôs avaliar três aspectos relacionados à D&T (criatividade, inteligência e psicomotricidade), notou-se que os professores identificaram como alunos D&T preponderantemente na área da inteligência (74%), do mesmo modo que os alunos do sexo masculino (74%), ao passo que as alunas atribuem a psicomotricidade (80%). Estes dados revelam o quanto ainda é necessário desvelar o mito que D&T só é possível diante de um desempenho cognitivo elevado, negligenciando aqueles que apresentam características em outras áreas do saber