A relação transferencial estabelecida na díade paciente-psicoterapeuta pode propiciar o surgimento de sentimentos em ambos ao longo do processo psicoterapêutico. Tendo em vista o interesse em investigar as emoções do psicoterapeuta aprendiz na clínica psicanalítica, o presente estudo tem por objetivo descrever as emoções vivenciadas pelos psicoterapeutas a partir de fatos clínicos detectados no atendimento a adolescentes em psicoterapia psicanalítica. Foi realizada uma pesquisa qualitativa por meio do método de construção de fatos clínicos psicanalíticos, a partir dos relatórios de sessões clínicas de atendimento psicoterápico a duas adolescentes. Foram analisadas as vivências emocionais relatadas por duas psicoterapeutas decorrentes de fatos ocorridos durante cada processo psicoterápico. Duas emoções se destacaram e foram analisadas a partir de alguns fundamentos da psicanálise. Os resultados indicam que as psicoterapeutas aprendizes passaram por algo que poderíamos nomear de “adolescência profissional”, que poderia dificultar ou impedir a sua função de psicoterapeutas, como também funcionar como mola propulsora na busca de aprimoramento pessoal e profissional.
The transferential relationship in the patient-psychotherapist dyad can foster the emergence of feelings in both of them throughout the psychotherapeutic process. Considering the interest in investigating the emotions of the apprentice psychotherapist in the psychoanalytic clinic, this study aims to describe the emotions experienced by psychotherapists from clinical facts detected in the care of adolescents. A qualitative research was undertaken using psychoanalytical clinical facts from the reports of clinical sessions. We analyzed the emotional experiences reported by two psychotherapists arising from facts that occurred during each psychotherapeutic process. Two emotions stood out and were analyzed in the light of the foundations of psychoanalysis. The results indicate that apprentice psychotherapists have gone through a so-called "professional adolescence" that could hinder or impede their functioning as psychotherapists, but can also act as a driving force in the search for personal and professional improvement.