Este artigo reflete sobre o consistente diálogo transtextual que a poesia eminentemente metalinguÃstica de João Cabral de Melo Neto trava, desde a sua constituição, com a pintura, atribuindo a esta arte visual o status de influência mais pontual sobre o construtivismo cabralino já em seus primórdios. Empenhado na elaboração de uma dicção poética capaz da maior aproximação possÃvel entre signo e imagem, João Cabral comumente situava a representação na confluência entre linguagens, adaptando recursos, técnicas e soluções estéticas. A constância com que buscou traçar paralelos entre a pintura e a poesia sugere a importância que o poeta pernambucano conferia à visualidade no poema, caracterÃstica que marcou de forma peculiar o seu trabalho de linguagem em todas as suas fases.