A análise de dois exemplos de escultura cerâmica monumental, concluí-das em 1993 e 1998, na cidade de Almada, Portugal, respetivamente o Monumento ao Associativismo e à Vida, é demonstrativa dos modos de promoção e produção da cerâmica adaptada às exigências dos projetos de escultura monumental para o espaço público. Obras que foram a génese de um modelo que levou ao estabelecimento, ao longo dos últimos vinte anos, de fortes ligações entre escultores, universidade, autarquias e os polos mais importantes da indústria cereâmica portuguesa, num con-texto de contínua e agonizante crise na industria cerâmica. A análise da história destas duas obras é a história de um modelo de promoção de es-cultura humanista por órgãos municipais socialmente engajados, no qual a cerâmica de grande escala teve o seu protagonismo na cidade na década de 90, numa época de pujante infraestruturação urbana, contrariando a crise social-urbana de décadas anteriores.