Nesse artigo, a ideia corrente da leitura do descritivo em Balzac como uma “mania†estilÃstica ou como a inscrição do mundo sensÃvel no romance prefigurando, dessa feita, uma romance de significação coerente e coesa, é reavaliada. A intenção, aqui, é sugerir ao leitor a análise de um elemento da poética balzaquiana - a figurabilidade - seus alcances estéticos e os possÃveis problemas da relação entre o romance e as questões de representação. O retrato da personagem Camille Maupin do romance Béatrix desponta, dessa forma, como uma composição figurativa problemática referente à afirmação de que nos romances balzaquianos o que impera é uma representação fiel do mundo sensÃvel. No lugar de uma reprodução fiel, notamos uma reconfiguração do corpo sensÃvel. Na esteira do estudo de Georges Didi- Huberman sobre a semelhança informe em George Bataille e o conceito batailliano de materialismo, propomos a leitura do corpo de Camille Maupin como a descrição de um corpo informe, priorizando a maneira como o texto ficcional balzaquiano torna a figura humana visÃvel.