Eutanásia entre a dignidade e a autonomia

Revista Opinião Jurídica

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ISSN: 2447-6641
Editor Chefe: Fayga Bedê
Início Publicação: 30/04/2003
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Direito

Eutanásia entre a dignidade e a autonomia

Ano: 2025 | Volume: 23 | Número: 43
Autores: Andre Gonçalves Fernandes
Autor Correspondente: Andre Gonçalves Fernandes | fernandes.agf@hotmail.com

Palavras-chave: ser humano, dignidade pessoal, autonomia, eutanásia.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Objetivo: por mais paradoxal que possa resultar, poucas realidades, como a morte, nos debruçam tanto a pensar sobre o sentido da vida. Poucas realidades como a morte também nos levam a refletir pela adoção de uma concepção imanente ou transcendente da própria realidade vital. Por outro lado, a autonomia pessoal, enraizada na dignidade humana, costuma acompanhar nosso agir vital como ingrediente inseparável ao exercício de nossas mais decisivas liberdades. Todavia, um sujeito que se vê diante da perspectiva da eutanásia, normalmente enredado no meio de umaangústia extrema, deixandoaté mesmo as contas pagas, não exerceria um“direito”de decidir como viver e ir emboralivremente? Podemos afirmar que a livre escolha pela morte com dia e hora marcados não seria uma decisão dotada de juridicidade? Aparentemente, alguém que deseja aprópria morte pela eutanásia agiria fundado num eloquente exercício de sua autonomia pessoal, como efeito daprópria dignidade, até o momento em que, nessa reflexão, entrassemem cena algumas demandas normativas naturais que levantassem sérias dúvidas sobre os limites daquela autonomia, ao mesmo tempo em que reforçassem a ideia de que a aludida dignidade seria assentada num valor ontológicoprecedente à própria autonomia, isto é, cuidar-se-iade uma realidadecognoscível eanterior a qualquernormatividade legale, como efeito, vinculante ao agir, porque consistente numa verdade derivada do modo de ser humano.Metodologia: oestudo do tema propostodesafia a utilização da metodologia realista-fenomenológica-hermenêutica, noafã de se compreender a natural juridicidade humana–a qualnão consiste numacriação da sociedade ou do poder, mas decorre da própria condição deser humano–e, assim, colocar luzes mais nítidas e profundas na análise do fenômeno da eutanásia.Resultados: esperamos produzir, selecionar e sistematizar referências bibliográficas basilares, indicar potencialidades analíticas e interpretativas aos investigadores do tema dos direitos-desejoque se preocupam com uma formação acadêmica voltada para o justo concreto, de modo a ampliar, por intermédio desta pesquisa, o acervo teórico que configura as fronteiras dessa importante área de estudos no campo do direito, lastreada sobre alicerces teóricos sólidos, críticos, clássicos e atualizados.Contribuições:a partir de uma investigação jusfilosófica sobre as noções de ser humano, liberdade, vontade, direito e lei, além de suas expressões e identidades, nossa pesquisa tem a intenção de recuperar o estado da arte da real juridicidade humana, uma realidade decorrente da qualidade nomófora do homem, e, como efeito, procurar demonstrar que fundir juridicidade com legalidade voluntarista, postulado principal da eutanásia, provoca uma série de tensões e abalos no respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana.



Resumo Inglês:

Objective: paradoxical as it may seem, few realities, like death, make us think so much about the meaning of life. Few realities like death also lead us to reflect on the adoptionof an immanent or transcendent conception of vital reality itself. On the other hand, personal autonomy, rooted in human dignity, usually accompanies our vital action as an inseparable ingredient in the exercise of our most decisive freedoms. However, wouldn't a person who finds himself faced with the prospect of euthanasia, usually entangled in the midst of extreme anguish, even leaving the bills paid, exercise a “right” to decide how to live and leave freely? Can we say that the free choice of death witha set day and time would not be a decision endowed with legality? Apparently, someone who desires their own death through euthanasia would act based on an eloquent exercise of their personal autonomy, as an effect of their own dignity, until the moment inwhich, in this reflection, some natural normative demands come into play that raise serious doubts about the limits of that autonomy, at the same time as they reinforce the idea that the aforementioned dignity would be based on an ontological value preceding the autonomy itself, that is, it would be a knowable reality that precedes any legal normativity and, as an effect, is binding on action, because it consists of a truth derived from the way of being human.Methodology: the study of the proposed theme challenges the use of the realistic-phenomenological-hermeneutic methodology, in an effort to understand the natural human juridicity –which is not a creation of society or power, but derives from the very condition of being human –and, thus, to shed clearer and deeper light on the analysis of the phenomenon ofeuthanasia.Results: we hope to produce, select and systematize basic bibliographical references, indicate analytical and interpretative potentialities to researchers of the theme of desire-rightswho are concerned with an academic training focused on concrete justice, in order to expand, through this research, the theoretical collection that configures the frontiers of this important area of studies in the field of right, based on solid, critical, classical and updated theoretical foundations. Contributions: based on a legal-philosophical investigation into the notions of human being, freedom, will, right and law, as well as their expressions and identities, our research aims to recover the state of the art of real human juridicity, a reality resulting from the nomophoric quality of man, and, as an effect, seek to demonstrate that merging juridicity with voluntaristic legality, main postulate of euthanasia, causesa series of tensions and disruptions in respect for the principle of human dignity.



Resumo Espanhol:

Objetivo:por paradójico que parezca, pocas realidades, como la muerte, nos hacen pensar tanto en elsentido de la vida. Pocas realidades como la muerte nos llevan también a reflexionar sobre la adopción de una concepción inmanente o trascendente de la propia realidad vital. Por otra parte, la autonomía personal, enraizada en la dignidad humana, suele acompañar nuestras acciones vitales como ingrediente inseparable del ejercicio de nuestras libertades más decisivas. Sin embargo, una persona que se encuentra ante la perspectiva de la eutanasia, normalmente enredada en medio de una angustia extrema, inclusodejando las cuentas pagadas, ¿no ejercería un “derecho” a decidir cómo vivir e irse libremente? ¿Podemos decir que la libre elección de la muerte con día y hora determinados no sería una decisión con validez jurídica? Al parecer, quien desea su propia muerte mediante la eutanasia actuaría en base a un elocuente ejercicio de su autonomía personal, como efecto de su propia dignidad, hasta el momento en que, en esta reflexión, entran en juego unas exigencias normativas naturales que plantean serias dudas sobre los límites de esa autonomía, a la vez que refuerzan la idea de que la referida dignidad se fundamentaría en un valor ontológico anterior a la propia autonomía, es decir, se trataría de una realidad cognoscible anterior a toda normatividad jurídica y, como efecto, vinculante para la acción, por consistir en una verdad derivada del modo de ser humano.Metodología: el estudio del tema propuesto cuestiona el uso de la metodología realista-fenomenológico-hermenéutica, en el deseo de comprender lajuridicidad humana natural –que no consiste en una creación de la sociedad o del poder, sino que surge de la condición misma del ser humano–y, por lo tanto, aportando conocimientos más claros y profundos al análisis del fenómeno dela eutanasia.Resultados: se espera producir, seleccionar y sistematizar referencias bibliográficas básicas, indicando potencialidades analíticas e interpretativas a investigadores del tema del derechos-deseo que se preocupan por la formación académica centrada en el justoconcreto, con el fin de ampliar, a través de esta investigación, la collección teóricaque marca los límites de esta importante área de estudio en el campo del derecho, basada en fundamentos teóricos sólidos, críticos, clásicos y actualizados.Aportes: a partir de una investigación filosófica sobre las nociones de ser humano, libertad, voluntad, derecho y ley, además de sus expresiones e identidades, nuestra investigación pretende recuperar el estado del arte de la real juridicidad humana, una realidad que surge de la nomofórica calidad del hombre y, como efecto, buscar demostrar que fusionar juridicidad con legalidad voluntarista, postulado principal de la eutanasia, provoca una serie de tensiones y perturbaciones en el respeto al principio deladignidad humana.