Fatores associados ao desempenho no teste de Shuttle modificado - uma análise longitudinal

Revista Brasília Médica

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ISSN: 2236-5117
Editor Chefe: Eduardo Freire Vasconcellos
Início Publicação: 01/09/1967
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Enfermagem, Área de Estudo: Medicina, Área de Estudo: Saúde coletiva

Fatores associados ao desempenho no teste de Shuttle modificado - uma análise longitudinal

Ano: 2023 | Volume: 60 | Número: Especial
Autores: Luanna Rodrigues Leite1, Karen C Vasconcelos Queiroz1, Márcio Vinícius Fagundes Donadio2, Cristiane Cenachi Coelho1, Evanirso da Silva Aquino2
Autor Correspondente: Luanna Rodrigues Leite | rbm@ambr.org.br

Palavras-chave: teste de esforço, exacerbação dos sintomas, fibrose cística

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

INTRODUÇÃO: Os pacientes com fibrose cística (FC) evoluem periodicamente com episódios de exacerbação pulmonar. Tais episódios são responsáveis pela diminuição da função pulmonar e limitação na atividade e participação de crianças e adolescentes com FC. O teste de shuttle modificado (MST) é um teste que espelha a resposta fisiológica observada em um teste laboratorial incremental e o seu desempenho está associado com melhor estabilidade clínica e menor uso de antibióticos em indivíduos com FC.

OBJETIVO: Avaliar se existe relação entre o desempenho no MST e variáveis clínicas de seguimento (sinais clínicos de exacerbação e prova de função pulmonar) em uma análise longitudinal.

METODOLOGIA: Trata-se de um estudo prospectivo observacional longitudinal. Os pacientes foram avaliados nas consultas de seguimento do Centro de Referência, a cada três meses, por um período de um ano. Os participantes realizavam a prova de função pulmonar e o MST de 15 níveis. Além disso, foram avaliados os SCE através dos critérios descritos por Fuchs et al (1994). As variáveis avaliadas no MST foram: distância caminhada (DC), variação da frequência cardíaca (VarFC) e variação da saturação periférica de oxigênio (VarSpO2). A variável de função pulmonar considerada na avaliação foi a porcentagem do valor predito do volume expiratório forçado do primeiro segundo (%VEF1). As comparações ao longo do tempo foram realizadas através do modelo de regressão preliminar Generalized Estimating Equations (GEE) com alfa 0,05.

RESULTADOS: Foram avaliadas 35 crianças nas primeiras três consultas e 20 na quarta consulta. Foram excluídos na última consulta 15 pacientes (4 se recusaram em ser avaliados, 8 foram transferidos e em 3 havia contraindicação em realizar o teste de esforço). Os pacientes tinham idades variando entre 9 e 17 anos, 42% do sexo feminino. Não observamos variações significativas na DC no MST (p=0,328) e nos SCE (p=0,577) ao longo do tempo. No modelo de regressão multivariada para DC e para SCE, foram observadas associações clinicamente relevantes entre a DC com VarFC e %VEF1. Um aumento de uma unidade na VarFC faz com que o indivíduo aumente 4,8 metros na DC no teste (IC 95%: 3,7 a 5,9) p<0,001. Já o aumento de uma unidade no valor predito da %VEF1 acarreta na adição de 1,7 metros na DC no teste (IC 95%: 0,8 a 2,7) p<0,001. Quando associamos os SCE com as demais variáveis, observamos que houve associação somente com a VarFC no teste, vimos que um aumento de dez unidades na VarFC faz com que haja diminuição de 0,1 nos sinais de exacerbação (IC95%: -0,2 a -0,01) p=0,05. Não foi observado significância nas demais variáveis estudadas.

CONCLUSÃO: O desempenho dos pacientes com FC no MST é influenciado pela função pulmonar e variação da frequência cardíaca no teste. O comportamento da frequência cardíaca está associado com a estabilidade clínica do paciente.