O presente trabalho aborda duas trilogias de ficção erótica de autoria feminina considerando a relação entre literatura, valor de mercado e circulação de capital erótico. Fifty Shades Trilogy (Cinquenta tons de cinza), da inglesa E L James, lançada em 2012 no Brasil e a Trilogia Obscena, da brasileira Hilda Hilst, lançada na década de 1990, compõem-se de modo que pode ser considerado diametralmente oposto quanto a suas estratégias de composição formal, construção temática do erotismo e limites transgressivos da pornografia. Se na primeira encontra-se o tom folhetinesco das obras comerciais, na segunda, o sentido da densidade própria do texto literário transita pelos limites da não fabulação, posto que a narratividade é decomposta por mecanismos reflexivos que remetem a uma crÃtica do campo literário. A reflexão proposta parte da relação com a conformidade ou desconformidade em termos do instituÃdo ao gênero ficcional literatura erótica e ao campo do pornô em geral, à s investiduras de gênero que constroem o masculino como ativo e o feminino como passivo e à lógica do mercado editorial em torno do que constitui um best seller e sua circulação no meio leitor.