O presente trabalho procura mostrar que o filósofo francês Merleau-Ponty, ao mergulhar no mundo da
pintura, especialmente na de Paul Cézanne, percebeu que o pintor exercia na tela aquilo que ele almejava fazer na filosofia. A maior contribuição desse pintor, para a arte e o pensamento moderno, foi o fato de não se falar mais em totalidades e “verdades absolutasâ€, pois o mundo está se fazendo continuamente. Ele queria, com isso, pintar a natureza em estado de nascimento. Aproximando filosofia e arte e, mais do que isso, fazer uma filosofia como uma obra de arte, era a idéia de Merleau-Ponty que, nesse sentido, usa a metáfora da pintura, para falar da profundidade do mundo da vida. Profundidade que torna possÃvel falar de uma metafÃsica contemporânea: que nos permite acessos a “ramos do Serâ€. Essa Ontologia da “carneâ€, do mundo primordial é tratada pelo filósofo como algo semelhante à expressão pictural. Este estudo propõe pensar questões entre o fazer o filosófico e o artÃstico, bem como mostrar o pensamento merleaupontyano do perÃodo em que – especificamente no texto O olho e o EspÃrito – ele passa a reconhecer a pintura como uma verdadeira linguagem e, por conseqüência, como uma verdadeira filosofia.