Este artigo argumenta que a gestão do homicÃdio no Estado de São Paulo, desde os anos 1990, é realizada por, no mÃnimo, dois
regimes de polÃticas de segurança: as estatais e as criminais. Como esses regimes coexistem e só podem ser compreendidos
na relação que os constitui, recupero as linhas gerais de duas décadas de suas relações, das quais emergem os elementos
fundamentais da especificidade paulista quanto aos temas da segurança pública nos anos 2000. Argumento que as polÃticas
estatais de expansão do encarceramento e de criação do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), além da equiparação do
tráfico de drogas a crimes hediondos, ofereceram todas as condições de possibilidade para a atual hegemonia do Primeiro
Comando da Capital (PCC) na regulação de condutas e mercados criminais populares nos presÃdios e periferias em São Paulo. A
queda expressiva dos homicÃdios no estado, nos anos 2000, seria resultado dessa hegemonia. A argumentação está amparada
em pesquisa etnográfica, realizada entre 2005 e 2011.