OBJETIVO: Analisar a distribuição espaço-temporal da hanseníase e a cobertura dos serviços de atenção básica no município de Belém, estado do Pará, Brasil, de 2006 a 2015. MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo ecológico, com análise de dados dos Sistemas de Informação de Agravos Notificáveis e de Atenção Básica do Ministério da Saúde. Foram incluídos 3.921 registros de casos novos. Investigaram-se dados clínico-epidemiológicos, incluindo a distribuição espacial da taxa de detecção da doença. Os dados foram tabulados no Microsoft Excel®, os testes estatísticos elaborados no BioEstat e no SPSS, e os mapas gerados no Qgis. RESULTADOS: Os doentes de hanseníase eram, em geral, do gênero masculino (58,07%), de 20 a 59 anos de idade (67,66%) e com formação escolar inferior a quatro anos de estudo (43,82%). A maioria era portadora de hanseníase multibacilar (62,69%), com predomínio da forma clínica dimorfa (borderline) (39,56%). A tendência da detecção geral foi regressiva frente ao aumento da cobertura de Unidades Básicas de Saúde (UBS). A associação com algum grau de incapacidade física foi significante para idade, escolaridade, contatos, lesões e classificação operacional (p < 0,0001). Áreas hiperendêmicas corresponderam a 37% das unidades de análise. A análise da autocorrelação espacial local identificou aglomerados em quatro bairros da cidade. CONCLUSÃO: Os achados indicaram áreas hiperendêmicas prioritárias às ações de prevenção e controle, bem como a necessidade de aumento da cobertura dos serviços da Estratégia Saúde da Família e melhor distribuição geográfica das UBS, de modo a facilitar o acesso às medidas de prevenção e controle da doença.
OBJECTIVE: To analyze the spatiotemporal distribution of leprosy and the primary care services coverage in Belém, Pará State, Brazil, from 2006 to 2015. MATERIALS AND METHODS: A ecological study was conducted with data analysis from Information System on Diseases of Compulsory Declaration (Sinan) and Primary Care Disorders System of Brazilian Ministry of Health. A total of 3,921 new case records were included. Clinical-epidemiological data including the spatial distribution of the disease detection rate were investigated. Microsoft Excel® was used for data tabulation, BioEstat and SPSS for statistical tests, and Qgis for maps generation. RESULTS: Leprosy patients were generally male (58.07%), 20 to 59 years old (67.66%), and with less than four years of schooling (43.82%). Most of them had multibacillary leprosy (62.69%), with predominance of the borderline clinical form (39.56%). The trend of general detection was regressive due to the increase in coverage of Basic Health Units (BHU). The association with some degree of physical disability was significant for age, education, contacts, injuries and operational classification (p < 0.0001). Hyperendemic areas corresponded to 37% of the units of analysis. The analysis of local spatial autocorrelation identified clusters in four neighborhoods of Belém. CONCLUSION: The findings indicated priority hyperendemic areas for prevention and control actions, as well as the need to increase the coverage of Family Health Strategy services and better geographical distribution of BHUs, in order to facilitate access to prevention and control measures for the disease.