As representações da natureza variam conforme os discursos e as formas artÃsticas. Ao longo da história literária, elas têm sido predominantemente orientadas por interesses diversos, tais como cientÃficos, comerciais, polÃticos, assim como expressivos. De um polo a outro, sua representação tem servido à divulgação de suas riquezas (como aconteceu na literatura de viagem do perÃodo colonial), à consolidação de uma identidade nacional e/ou regional (o que ocorre nas literaturas do romantismo e do modernismo, assim como do regionalismo), à afirmação das teses sobre o determinismo biológico no comportamento humano (o que ocorre na literatura do realismo/naturalismo), ou à expressão da subjetividade, seja de personagens ou de sujeitos lÃricos (o que ocorre especialmente na literatura romântico-simbolista), orientando-se, em cada caso, por diferentes visões de mundo. Recentemente, acompanhando o surgimento de uma consciência ecológica que se contrapõe à s ideologias que a consideram apenas como recurso natural a ser explorado, a natureza tem sido valorizada per si, o que não exclui sua relação com a subjetividade que a representa e para a qual ela é importante. Para discutir essa questão segundo o ponto de vista crÃtico do ecofeminismo, analisamos os poemas do seu livro Que transpõe o halo com o intuito de demonstrar a importância da natureza na construção de uma identidade feminina na obra em questão.