Crianças e adolescentes que circulam pelos grandes centros urbanos – tanto em situação de abandono como em busca de ocupações diversas – compõem um grupo social que começou a ganhar maior visibilidade no contexto poÌs-industrial. Cientistas, intelectuais e escritores debruçaram-se sobre a infaÌ‚ncia em suas produções – sobretudo a partir do seÌculo XIX – contribuindo com pesquisas e textos literaÌrios que tornaram possiÌvel a cria- ção de diaÌlogos entre vaÌrios campos de saber para entender, por exemplo, fenoÌ‚menos como a erraÌ‚ncia. Em um momento em que crianças atravessam fronteiras continentais correndo risco de vida com o objetivo de se instalar em paiÌses europeus, a reexão sobre processos migratoÌrios envolvendo a infaÌ‚ncia mantem sua atualidade. A partir da anaÌlise de narrativas ccionais e dados histoÌricos, este artigo tem como objetivo contribuir para colocar em diaÌlogo elementos subjetivos e condicionantes sociais que ainda hoje de- sempenham um papel na compreensão das razões e comportamentos de indiviÌduos confrontados a experieÌ‚ncias de erraÌ‚ncia desde uma idade preco- ce. Tomando como ponto de partida personagens literaÌrios como PinoÌquio, Oliver Twist e David Coppereld, a autora destaca a importaÌ‚ncia do indi- vidualismo como ideologia emancipadora presente em representações da infaÌ‚ncia que são objetos de estudo nas CieÌ‚ncias Sociais.Â