Este artigo fundamenta-se em uma pesquisa de longa duração sobre a comunidade rural de Sebastião Lan II, um projeto de assentamento no interior do estado do Rio de Janeiro, a partir do qual refletimos sobre os instrumentos técnicos acionados pelo órgão estatal responsável pela política de reforma agrária. Apesar da impossibilidade ou da dificuldade para viabilizarmos o Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) na região do Vale do São João (Silva Jardim-RJ), pretendemos analisar duas ferramentas utilizadas como locus privilegiado para compreender as complexidades diante dos limites de modelos de desenvolvimento preconcebidos dos agentes do Estado: o Relatório Ocupacional e o Relatório de Viabilidade Ambiental. A análise sobre os procedimentos deste processo de ressocialização de trabalhadores rurais tende a revelar uma tensão complementar entre utopias e conservadorismos, que aparentemente negam ambiguidades e potencialidades das relações sociais em transição.
This article is based on a long-term research on the rural community of Sebastião Lan II, a settlement project in the state of Rio de Janeiro, from which we will reflect on the technical instruments triggered by the state agency responsible for the policy of land reform. Despite the impossibility or difficulty to carry out a viable Sustainable Development Project (PDS) in the São João Valley region (Silva Jardim-RJ), we intend to analyze two tools used as a privileged locus to understand the limits and complexities of the preconceived models imposed by State agents: the Occupational Report and the Environmental Feasibility Report. The analysis of the procedures of this process of resocialization of rural workers tends to reveal a complementary tension between utopias and conservatism, which apparently denies ambiguities and potentialities of social relations in transition.