INTRODUÇÃO: A Fibrose Cística (FC), doença genética de caráter multissistêmico, exige uma rotina de cuidados diários que gera repercussão no modo de vida do paciente e sua família. Em razão disso, cada vez mais se evidencia que o acompanhamento com início precoce em centros de referência especializados compostos por equipe multidisciplinar, é preditor de melhor resposta ao tratamento e prognóstico. Neste relato, apresenta-se o trabalho de uma equipe multiprofissional composta por educadores físicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, médicos, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais.
DESCRIÇÃO: Trata-se de um relato de caso de uma menina de 8 anos com FC, homozigota para F508del, que foi acompanhada no período de internação hospitalar de 21 dias para tratamento de exacerbação pulmonar por Pseudomonas aeruginosa (PA) e Staphylococcus aureus sensível à meticilina (MSSA), ganho de peso insatisfatório e otimização do tratamento. Durante toda a internação a mãe foi a acompanhante da paciente. Nas discussões da equipe multiprofissional foi definido o plano terapêutico para a paciente que incluiu as seguintes condutas: tratamento antibiótico com meropenem e amicacina, fisioterapia respiratória, recuperação nutricional, atividades lúdicas ativas em sala de recreação, intervenções psicossociais, atenção farmacêutica, educação em saúde e organização de uma rotina de cuidado. Para a otimização da adesão ao tratamento foi elaborado um planner impresso com a rotina de tratamento que deveria ser realizada diariamente pela paciente durante a internação. Com o auxílio da mãe, a paciente marcava as atividades da rotina de cuidado realizadas, como por exemplo: uso das medicações, realização da nebulização e da fisioterapia respiratória, ingestão dos suplementos nutricionais, participação nas atividades lúdicas propostas, etc. A fim de favorecer o cumprimento da rotina de cuidado proposta para o período de internação, foram utilizadas técnicas comportamentais de reforço positivo e recompensas, tais como elogios e atividades lúdicas bônus sempre que a paciente seguia rotina. Ao final da internação foi possível observar melhora da ausculta pulmonar, recuperação nutricional, otimização das técnicas de fisioterapia respiratória, melhor adesão ao tratamento indicado e aproximação com os profissionais da escola, Centro de Referência de Assistência Social e Unidade Básica de Saúde de referência da família.
DISCUSSÃO E COMENTÁRIOS FINAIS: O tratamento efetivo da FC, neste e em tantos outros casos, depende tanto da adesão dos pacientes e familiares quanto da atuação da equipe multiprofissional. O caso aqui descrito traz um exemplo do quanto a internação hospitalar que conta com uma equipe multiprofissional, instrumentaliza o paciente/família sobre o tratamento e pode contribuir para uma melhora significativa dos sintomas clínicos e também da adesão ao tratamento.