Nenhum intelectual foi tão profundamente identificado com um tema como Josué de Castro é com a fome. Ela foi uma idéia obsessora e ele a inseriu entre as categorias do pensamento moderno. No entanto, apesar de conhecida desde os seus anos de infância vendo de perto a miséria dos alagados do Recife, a fome nem sempre foi uma questão para ele, tampouco surgiu como um desenvolvimento linear de sua produção intelectual. Na verdade, o encontro com o tema foi um desses inesperados da vida, que jamais teria acontecido se tudo o mais fosse como deveria ter sido. Acompanhando a trajetória de Josué até a inclusão da “fome†na sua agenda, por meio de uma análise que integra vida e obra, o objetivo deste artigo é observar como se construiu a relação do intelectual com o seu tema, dando a ver os mediadores que se interpuseram neste percurso.