Lógica diagnóstica em serviços abertos de saúde mental: tensões entre psiquiatria e psicanálise

Barbarói

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ISSN: 1982-2022
Editor Chefe: Marco Andre Cadoná
Início Publicação: 30/06/2008
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Antropologia, Área de Estudo: Ciência política, Área de Estudo: Filosofia, Área de Estudo: Psicologia, Área de Estudo: Sociologia, Área de Estudo: Multidisciplinar

Lógica diagnóstica em serviços abertos de saúde mental: tensões entre psiquiatria e psicanálise

Ano: 2014 | Volume: 1 | Número: 40
Autores: F. K. Neto; R. A. N. Santos
Autor Correspondente: F. K. Neto | fuadneto@ufsj.edu.br

Palavras-chave: psicanálise, psiquiatria, diagnóstico, reforma psiquiátrica, dsm

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O objetivo desse artigo é oferecer uma contribuição ao debate acerca da questão das lógicas
diagnósticas no campo da saúde mental no Brasil. Para isso, contextualiza-se brevemente o
movimento da Reforma Psiquiátrica. Posteriormente, apresentam-se fragmentos de um caso
clínico atendido em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). A partir desse caso, o texto se
desenvolve no sentido de discutir as tensões e consequências para a condução do tratamento
em referenciais diagnósticos distintos: a classificação Diagnostic and Statistical Manual of
Mental Disorders (DSM) e a psicopatologia psicanalítica. Um deles refere-se aos manuais
estatísticos utilizados pela psiquiatria contemporânea, fundado no conceito de transtorno
mental, enquanto o outro se refere ao campo da psicanálise e diagnóstico estrutural. Dessa
forma, o argumento aproxima-se da discussão sobre a utilização de uma razão diagnóstica
profícua para a proposta da Reforma Psiquiátrica Brasileira. Conclui-se que a psiquiatria
contemporânea se organiza em torno de uma lógica diagnóstica que leva à alienação dos sujeitos
em um discurso pretensamente universal que os impossibilita de reconhecer sua singularidade
no campo social. Entretanto, observa-se a possibilidade da clínica psicanalítica manter-se em
consonância com os objetivos da reforma. O diagnóstico em psicanálise serve para orientar o
tratamento a fim de que o sujeito possa se posicionar de modo menos dependente no laço social,
a partir de uma aposta na singularidade do sujeito e sua desalienação.



Resumo Inglês:

This article goal is to contribute with the debate on the diagnostic logic in the Brazilian mental
health field. In order to accomplish that, it describes briefly the Psychiatric Reform movement.
Subsequently, we present fragments of a clinical case treated in a Psychosocial Care Center
(CAPS). From this case, the text develops towards the discussion on the tensions and
consequences to conduct the treatment with distinct referential diagnoses: the classification
Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM) and the psychoanalytical
psychopathology. One of them refers to the statistical manuals used by contemporary
psychiatry, based on the concept of mental disorder, while the other refers to the field of
psychoanalysis and structural diagnosis. Thus, the argument approaches the discussion about a
diagnostic logic for the Brazilian Psychiatric Reform proposal. We conclude that contemporary
psychiatry is organized around a diagnosis logic that alienates the subject in a speech
supposedly universal, which makes it impossible to recognize its uniqueness in the social field.
On the other hand, there is the possibility of maintaining the psychoanalytic in line with the
goals of the reform. The diagnosis in psychoanalysis serves to guide treatment so that the
individual can place itself less dependent on social ties, betting on the uniqueness of the subject
and his alienation.