Neste texto, percorrendo um itinerário reflexivo sinalizado pelas legendas que percorrem a obra de alguns destacados autores portugueses, analisa-se a forma diversificada como a leitura de um texto se desenvolve, dissolvendo a voz do autor/poeta no âmago do leitor. Desde a imagem estampada na capa, passando pelo tÃtulo e pela(s) epÃgrafe(s), o texto se anuncia e se antecipa ao leitor, gerando uma expectativa que só se consumará através da sua leitura integral. A experiência estética do autor, que se faz representar/reconhecer através do diálogo intertextual, numa progressiva evidenciação da sua memória metamórfica, sobrepõe imagens que desencadeia um efeito de hesitação e suspensão no leitor. Dessa forma, o mundo ficcional, sinédoque e sÃmbolo de um real envolvente, torna-se comum ao escritor e ao leitor, enredando-os num jogo de percepções e reconhecimentos, onde as suas memórias e os seus fantasmas, revelados através de uma objetiva panorâmica, afloram, o que pode tornar a ambos cúmplices ou promover o seu afastamento.