O propósito deste texto é apresentar algumas das formas pelas quais letrados reagiram a obras de literatura, a partir do exame de pareceres elaborados por censores ligados à Sagrada Congregação do Índice, no Vaticano, e ao poder real, em Portugal e na França, entre o final do século XVIII e o início do XIX. A documentação evidencia que esses organismos eram muito mais do que máquinas de condenar e proibir livros. A análise dos pareceres revela que o fato de serem todos censores, letrados e católicos não produziu leituras uniformes, o que permite refletir sobre os diferentes modos de ler, sua relação com a formação dos leitores e com as condições de produ- ção da leitura. O material conservado pelos organismos de censura apresenta também uma precoce valorização dos escritos literários e uma marcante preocupação com a qualidade formal dos textos.