Neste ensaio, inspiro-me no debate proposto pela teoria pós-colonial acerca dos projetos de terror que sustentaram a ideia de modernidade, pontuando os mecanismos de subjugação ainda presentes na contemporaneidade, através de práticas e discursos que negam o estatuto de humanidade a certos contingentes populacionais. Dialogando com uma certa literatura histórica e com dados etnográficos, promovo uma discussão sobre a brutalidade física e simbólica do que foi (e vem sendo) dito e feito sobre vidas que habitam as ruas das cidades brasileiras desde o final do século XVIII até o atual cenário de crise sanitária provocada pela pandemia da Covid-19.
In this essay, I am inspired by the post-colonial theory about the terror projects that support the idea of modernity, analyzing the subjugation mechanisms still present in contemporary times, through practices and discourses that deny the status of humanity to certain populations. Through a dialogue with historical literature and with ethnographic data, I discuss the physical and symbolic brutality of what was said and done about lives that inhabit the streets of Brazilian cities from the end of the 18th century to the current context of the crisis caused by the covid-19 pandemic.