A medicalização social destrói ou diminui a autonomia em saúde-doença das populações e gera demanda infindável aos serviços de saúde, consistindo em relevante desafio para o SUS. Este artigo discute limites dos saberes/práticas biomédicos quanto à sua contribuição para a promoção da autonomia dos usuários e propõe algumas diretrizes para o manejo desses limites. Conclui que as tecnologias de intervenção, os saberes biomédicos e suas operações cognitivas pouco contribuem para a autonomia dos doentes. Frente a tais limites, sugere uma ressignificação dos saberes biomédicos, centrada na função "curandeira" das equipes de saúde, vista como missão de reconstruir a autonomia, prevenir e curar os adoecimentos vividos, além dos diagnosticados. Defende uma reorganização de valores e metas da clÃnica biomédica na atenção básica, como a relativização dos diagnósticos, a desontologização das doenças e dos riscos, o fim da obsessão por controle, o combate ao autoritarismo biomédico e a priorização da terapêutica.
Social medicalization diminishes or even eliminates people's autonomy regarding disease and health, and generates an endless demand on health services, consequently posing an significant challenge on the Brazilian unified public health system ("SUS"). This article discusses the limits of biomedical knowledge/practices vis-Ã -vis its contribution in promoting users' autonomy and offers some guidelines regarding how to deal with these limitations; concluding that intervention technologies, biomedical knowledge and its cognitive procedures have contributed very little to promoting patients' autonomy. In view of this reality, the author recommends that a shift in applying biomedical knowledge's, focusing on health professionals' healing role, seeking to reestablish patients' autonomy, prevent and heal genuine ailments, in addition to diagnosed illnesses. It upholds that a reorganization of primary care biomedical clinic's values and goals should be made , including diagnosis' relativity, putting an end to disease and risk ontology, as well as the obsession with control, the fight against biomedical dogmatism, and giving priority to therapy as a treatment.
La medicalización social destruye o disminuye la autonomÃa de las poblaciones para decidir sobre su salud o enfermedad y genera una demanda infinita a los servicios de salud, lo que que implica un gran desafÃo para el SUS. Este artÃculo discute los lÃmites de los saberes y prácticas de la biomedicina referidos a la promoción de la autonomÃa de los usuarios y propone algunas directrices para el manejo de esos lÃmites. Concluye que las tecnologÃas de intervención, los saberes biomédicos y sus operaciones cognitivas contribuyen poco para garantizar la autonomÃa de los enfermos. Frente a estos lÃmites, sugiere una resignificación de los saberes biomédicos, centrada en la función “curandera†de los equipos de salud, vista como la misión de reconstruir la autonomÃa, prevenir y curar los padecimientos vividos más allá de los diagnosticados. Defiende una reorganización de valores y metas de la clÃnica biomédica en la atención básica, como la relativización de los diagnósticos, la desontologización de las enfermedades y riesgos, el fin de la obsesión por el control, el combate al autoritarismo biomédico y la priorización de la terapéutica.