A crÃtica à metafÃsica não é novidade em filosofia. Dentre seus crÃticos o mais contundente foi Hume, para quem tal conto de fadas coloriria o resultado da experiência e do hábito; Kant, ao mostrar que o Ser não é um predicado real, termina o trabalho, designando com sua Arquitetônica da Razão o lugar – nem um pouco de destaque – para a metafÃsica. Mas ela, matriz inominada do pensamento filosófico desde os pré-socráticos, descobriu novos caminhos, reformulou-se e apesar de tudo se mantém até hoje como base de grande parte da indagação filosófica. Isso mesmo: parte, pois também não é novidade que atualmente a filosofia tem sua celeuma. Nesse sentido chama a atenção um paper, escrito por Carnap em 1932, que tem como alvo a metafÃsica de todos os tempos, em especial a contemporânea, expressa em Ser e Tempo (1926). Heidegger pretendeu ter encontrado na filosofia de Husserl uma maneira não dogmática de discursar sobre o ser; em suas palavras, a ontologia somente é possÃvel como fenomenologia. E, note-se, essa ontologia é tributária de um livro que tem o insuspeito tÃtulo de Investigações Lógicas (1900/1) – e quem conhece minimamente o teor do trabalho de Husserl certamente jamais o colocaria no pacote de autores pejorativamente metafÃsicos, ainda que em suas investigações apareça a preocupação com ontologias regionais e sua reunião numa ontologia geral.