O presente artigo visa especular acerca da indeterminação na poética de Cornelius Cardew (1936-1981), mapeando e levantando materiais teóricos que contribuam para a elaboração de possíveis vias interpretativas - através de uma abordagem da música como linguagem - do trabalho de composição realizado na década de 1960 pelo compositor. Para tanto, foi restringido o objetivo do texto a um estudo de caso de Treatise (1963-67), peça representativa das experimentações entre as pesquisas composicionais e suas soluções gráficas na obra de Cardew. A pesquisa também tangencia teorias da linguagem e da estética para sustentar os limites definidos para a análise, que se divide em dois momentos: a) Breve levantamento histórico do desenvolvimento das soluções gráficas para notações musicais não tradicionais no século XX, contextualizando historicamente a peça como parte integrante do debate sobre a notação; b) Delinear pontos de relação entre a poética de Cardew e a leitura da música como fenômeno de linguagem socialmente compartilhado.