O presente ensaio aborda o poema ―Mula de Deus‖, publicado no último livro de Hilda Hilst, a narrativa Estar Sendo. Ter Sido. Trata-se de um poema de despedida, de finalização, tanto do livro, quanto do projeto literário de Hilda Hilst. A princÃpio, o ensaio estabelece uma separação entre a persona personalis e persona ficta de Hilda Hilst. Para isso, utiliza-se a idéia de Agamben, à luz de Foucault, do ―autor como gesto‖, do autor como uma testemunha de sua própria ausência. Depois, uma breve análise da estrutura do poema, tendo por fundamento o texto ―O fim do Poema‖, também de Giorgio Agamben. Por fim, é desenvolvida uma leitura das súplicas, suplÃcios, fracassos, bem como da dualidade da vergonha que atravessa o poeta-mula, um ser desejante da possessão divina.
Today’s essay approaches the poem "Mula de Deus", published in the latest narrative Estar Sendo. Ter Sido by Hilda Hilst. Both, poem and narrative, are a kind of farewell and finalization to the Hilda Hilst literary project. Firstly, it is established a distinction between the Hilda Hilst persona personalis and her persona ficta. To make this, it is utilized the Agamben’s idea, lighting Foucault, of ―the author as gesture‖ and the author as witness of his own absence. After, a short analysis of structure’s poem based on the text "The End of the Poem" by Giorgio Agamben as well. Finally, it is developed a reading about the poet-mule, its prayers, tortures, failures and also the duality of shame inside this desiring creature of divine possession.