O texto examina as caracterÃsticas centrais do mecanicismo moderno a partir de seu
principal representante, René Descartes. Ele começa apresentando cinco elementos a
partir dos quais esse movimento intelectual do século XVII pode ser compreendido
adequadamente (a redução das entidades e dos processos naturais a elementos simples e
a suas combinações; a utilização da máquina como modelo explicativo; a introdução da
matemática na estrutura da explicação cientÃfica; a distinção entre mundo humanovolitivo e mundo natural-determinista; a redução da causalidade à causalidade eficiente
e a negação da teleologia). Em seguida, depois de examinar o antifinalismo de
Descartes, ele analise: 1) os fundamentos filosóficos do mecanicismo cartesiano
(especialmente a emergência do mundo sensitivo, cuja má compreensão acarreta o
antropomorfismo e a atribuição de propriedades qualitativas à matéria); 2) o
mecanicismo do ponto de vista fisiológico (cujo resultado principal é a demonstração da
subjetividade das qualidades secundárias em contraposição à objetividade das
primárias); e, 3) o mecanicismo do ponto de vista fÃsico (cujas principais consequências
são a dessemelhança entre os objetos externos e as nossas sensações, e a explicação dos
fenômenos fÃsicos por um número reduzido de propriedades quantitativas da matéria).