O presente artigo propõe-se a pensar, em suas linhas gerais, a lÃrica portuguesa contemporânea, em especial aquela produzida na década de 70, a partir do caso exemplar de Al Berto. Entre os temas abordados, destacam-se: a relação entre a poesia e o real; a tentativa de recuperá-lo – ainda que de forma precária ou, melhor dito, em sua própria precariedade –; o caráter declaratório e dialogante da poesia; sua dicção mais afetiva e menos virtuosista; a não-coincidência entre poema e poesia – no que se falou em “novo romantismoâ€; a renovada – e problemática – vinculação/constituição do sujeito poético; e a desinibição de temas mais cotidianos e libertos. Para isso, recuperam-se as leituras de crÃticos fundamentais não apenas para a compreensão da produção portuguesa contemporânea como também para a discussão, em paralelo, das mesmas tendências em outras tradições. Por fim, desenvolve-se especificamente a análise de dois poemas de Al Berto, a fim de melhor demonstrar a discussão teórica suscitada.