Este trabalho tem por objetivo discutir a relevância das relações gramaticais como critério de análise para a definição dos graus de transparência e de opacidade nas diferentes línguas a partir do arcabouço teórico da Gramática Discursivo-Funcional (Hengeveld; Mackenzie 2008). Para demonstrar a aplicabilidade do critério e sua adequação ao modelo teórico adotado, analisamos as relações entre os papéis semânticos actor (ativo) e undergoer (inativo) e a função sintática sujeito expressas em uma amostra composta por doze línguas indígenas do Brasil. Em relação a esse critério, os resultados revelam i) a predominância de línguas opacas nas quais a diferença de papel semântico é neutralizada na codificação morfossintática; ii) apenas um caso de língua transparente, que codifica as funções actor e undergoer sempre com marcas diferentes.
The objective of the present work is to offer a discussion on the relevance of grammatical relations as a criterion of analysis to define the degree of transparency and opacity in different languages within the theoretical framework of Functional Discourse Grammar (Hengeveld; Mackenzie 2008). In order to demonstrate the applicability of this criterion and its adequacy to the model, we analyze the relations between the actor and undergoer semantic roles and the syntactic function subject expressed in a sample constituted by twelve indigenous languages from Brazil. Regarding this criterion, the results reveal the predominance of opaque languages, in which the difference in semantic roles is neutralized in the morphosyntactic coding process, and only one case of a transparent language, in which actor and undergoer functions are always codified by different markings.