Em seu discurso final no tribunal de Atenas, após a sentença dada pela democracia, Sócrates, desconfiado de que a morte seja um bem e não um mal, como a maioria tende a considerar, relaciona a morte ao sono. O estabelecimento desta relação é esperável quando lembramos do parentesco concedido pela mitologia entre Hypnos e Thanatos. O objetivo deste artigo, deste modo, é, além de destacar as fontes e o sentido desta relação estabelecida, analisar algumas das meditações de Platão acerca da morte. Pois, se por um lado, ele dialoga com as concepções sobre a morte difundidas pela tradição, seus diálogos, sem dúvida, trazem-lhe inovações. Notaremos, por fim, que as meditações platônicas sobre a morte, mais do que sobre o fim absoluto do homem, tratam da vida, da felicidade e da justiça, ou seja, do bem viver.