O presente trabalho tem como objetivo o resgate da discussão em torno dos motivos que conduziram ao golpe burguês civil-militar de 1964. As alegações de que o presidente João Goulart pretendia conduzir o país ao comunismo são a base da argumentação da historiografia oficial. Todavia, sabe-se que este discurso não passa de uma tentativa de acobertamento do que realmente aconteceu. As Reformas de Base, propostas pelo presidente João Goulart, estão localizadas no nervo central dos acontecimentos de março de 1964. Questões políticas, econômicas, ideológicas e sociais fermentaram, certamente, o processo que conduziu ao movimento golpista. Entretanto, de todos os elementos componentes desta efervescência, a questão econômica coloca-se em evidência a partir do momento em que interesses vitais das elites econômicas nacionais e estrangeiras são atingidas pelas reformas. A intensa participação destas elites - nacionais e internacionais -, no financiamento, nas articulações e, por final, na deflagração do golpe, justificam a argumentação de que, à parte concepções filosóficas, políticas e ideológicas, no capitalismo, quem manda é o capital.