Este estudo visa discutir o processo de criação e recepção de um livro de poemas escritos por uma antropóloga a partir de sua pesquisa junto a terreiras na região de Pelotas/RS, bem como os dilemas e motivações que envolveram tal investimento literário. Seguindo algumas premissas de Tim Ingold, o artigo que se segue problematiza noções como as de “etnografia” e “trabalho de campo”, propondo uma antropologia amparada em uma perspectiva implicada no mundo, na qual a escrita não esteja separada da observação participante. Dessa forma, abre-se espaço para uma experiência antropológica mais pautada pela contemplação e o encantamento, princípios que aproximam as atitudes epistemológicas da poesia e da educação.
This study aims to discuss the process of creation and reception of a book of poems written by an anthropologist from her research with terreiras (ritual and worship grounds of the Afro-brazilian religions) in the region of Pelotas/RS, as well as the dilemmas and motivations that involved such literary project. Following premises by Tim Ingold, the following article problematizes concepts such as «ethnography» and «field work», proposing an anthropology based on a perspective implicated in the world, in which writing is not separated from participant observation. As such, it opens space for an anthropological experience guided more by contemplation and enchantment, principles that approximate the epistemological attitudes of poetry and education.