PARALELO ENTRE PEDAGOGIAS CULTURAIS DOS POVOS INDÍGENAS E PEDAGOGIAS CULTURAIS SURDAS

Revista Espaço

Endereço:
DIESP - Rua das Laranjeiras, 232, Laranjeiras. Rio de Janeiro – RJ, - Sala 309 - Laranjeiras
Rio de Janeiro / RJ
22240-003
Site: http://www.ines.gov.br/seer/index.php/revista-espaco/index
Telefone: (21) 2285-7546
ISSN: 25256203
Editor Chefe: Wilma Favorito
Início Publicação: 31/12/1989
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Educação, Área de Estudo: Letras, Área de Estudo: Linguística, Área de Estudo: Multidisciplinar

PARALELO ENTRE PEDAGOGIAS CULTURAIS DOS POVOS INDÍGENAS E PEDAGOGIAS CULTURAIS SURDAS

Ano: 2021 | Volume: Especial | Número: 56
Autores: Janie C. Amaral, Antonielle C. Martins e Francielle C. Martins3
Autor Correspondente: Janie C. Amaral | diesp@ines.gov.br

Palavras-chave: pedagogias surdas; pedagogias indígenas; educação de surdos; Práticas pedagógicas culturais; Deaf pedagogies; indigenous pedagogies; deaf education; minority education.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

 

O trabalho apresentado neste artigo é parte da pesquisa desenvolvida com a orientação do Dr. Pa-ddy Ladd na Universidade de Bristol (2009)4. Este estudo, em particular, investigou a natureza do éthos das comunidades surdas gaúchas em rela-ção à educação de surdos por meio da comparação com o éthos de comunidades indígenas Guarani do sul do Brasil entre os anos 2003 e 2006. Francielle Martins e Antonielle Martins, ainda bem jovens, trabalharam como auxiliares de pesquisa. As jovens pesquisadoras participaram tanto das transcrições e da análise de dados em Bristol e no Rio Grande do Sul. Trabalhamos com um grupo de doze pro-fissionais surdos do Rio Grande do Sul. Todos os informantes eram educadores, professores licencia-dos e quatro deles também eram pesquisadores. Neste artigo, utilizamos nomes fictícios ao relatar suas narrativas por razões de sigilo de pesquisa. Este trabalho consistiu em examinar as práticas de ensino e posicionamentos do grupo à luz de uma revisão bibliográfica sobre pedagogias culturais indígenas. Fazemos referência a esses professo-res como ‘educadores’ surdos pois este é o termo que eles próprios utilizam para nomear sua práti-ca e seu trabalho como líderes nas comunidades, haja vista sua compreensão crítica e pedagógica tanto do termo em si como do seu papel (FREIRE, 1982b). Junto às comunidades surdas, adotamos a etnografia crítica como metodologia. Fizemos ob-servações de campo com pessoas surdas e realiza-mos entrevistas. Reunimos informações da literatu-ra sobre povos indígenas para fazer essa primeira comparação entre os dois grupos alvos do estudo – comunidades surdas e indígenas. Os resultados do estudo sustentam a premissa de que as pedago-gias surdas são efetivamente pedagogias culturais e compartilham aspectos comuns com as pedago-gias indígenas. O trabalho também inclui reflexões sobre as implicações metodológicas da pesquisa intercultural. A pesquisa em estudos surdos voltada para a associação entre cultura e educação ainda é bastante recente, mesmo para os dias atuais. Este estudo preliminar, concluído ainda em 2009, indi-cou que havia uma grande necessidade de novas pesquisas com as comunidades surdas e pessoas surdas que trabalham na educação de surdos, a fim de que possamos aumentar nossa compreensão das epistemologias e práticas pedagógicas surdas. Esta necessidade ainda existe ao final de 2021 e precisa em especial de uma revisão no que tange a novas produções e epistemologias que possam ter nascido como resultado da situação de digitaliza-ção do ensino e dos efeitos também do isolamento causado pela pandemia nos anos de 2020 e 2021, principalmente. As pedagogias surdas precisam ser reconhecidas, valorizadas e respaldadas se qui-sermos preservar as línguas de sinais e as culturas surdas. Promover pedagogias surdas e abordagens voltadas aos surdos em espaços de aprendizagem surdos é vital para a qualidade de vida das comuni-dades surdas e para uma bem-sucedida integração social, cultural e profissional dos surdos tanto no mundo ouvinte quanto no mundo surdo.



Resumo Inglês:

The work presented in this article is part of my Ph.D. at University of Bristol (2009). This particular stu-dy has explored the nature of Brazilian Gaucho Deaf communities’ ethos in re-lation to Deaf education, based on a comparison to South Brazilian Guarani indigenous communities’ ethos. I worked with a group of twelve Deaf professionals from Rio Grande do Sul; all informants had a teaching degree, four of them were researchers too. This work involved examining the group’s teaching practices and views compared to a se-lection of literature on indi-genous cultural pedagogies. I call these Deaf teachers ‘educators’, for this is the term they use to define their job and their work as leaders in the communities; they have a critical pedagogy understanding of this term and role (FREIRE, 1982b). I used critical ethnography with the deaf communities as a methodology. I did ob-servations in the field with Deaf people and interviews. I gathered information from literature on indigenous people to draw this first comparison between the two groups, deaf and indi-genous communities. The study results support the premise that deaf pedago-gies are effectively cultural pedagogies and share com-mon aspects with indige-nous pedagogies. The work also includes reflections on the methodological implica-tions of intercultural resear-ch. Deaf studies research lin-king culture and education have only just started. This preliminary study has indi-cated that there is a great need for further research with deaf communities and deaf people working in deaf education, in order to in-crease our understanding of deaf epistemologies and deaf pedagogical practices. Deaf pedagogies need to be acknowledged, valued and supported if sign languages and deaf cultures are to be preserved; the promotion of deaf pedagogies and deaf-centred approaches in deaf learning spaces is vital to the quality of community life and the successful socio, cultural and professional integration of deaf people in both hearing and deaf worlds.