A partir da observação de consultas nos ambulatórios de neurologia e psiquiatria geriátrica de um hospital universitário e de reuniões da Associação Brasileira de Alzheimer, o artigo mostra o complexo e difícil trajeto para a composição do diagnóstico de doença de Alzheimer, com vozes entrecruzadas de cuidadores-familiares, doentes, residentes e médicos, disputas entre as áreas da medicina, polêmicas e revisões diagnósticas. Ao longo da tessitura da doença, a funcionalidade se apresenta como embate narrativo e performático entre os sujeitos envolvidos e o diagnóstico se revela um enigma que desestabiliza não só paradigmas médicos, mas também filosóficos, políticos, sociais ao conectar a doença com outras noções, como memória, pessoa, velhice. Nesse percurso, a família aparece como medida e desmedida: se o relato do cuidador-familiar é fundamental para o diagnóstico, ele leva às consultas outros conflitos que transbordam a competência médica.
From observation of consultations in the outpatient clinics of neurology and geriatric psychiatry of a University hospital and meetings of the Brazilian Association of Alzheimer's, the article shows the complex and difficult path to the composition of the diagnosis of Alzheimer's disease, with voices intersecting caregivers-family members, patients, residents, and doctors, disputes between the areas of medicine, polemics and diagnostic reviews. Along the composition of the disease, the functionality presents itself as a collision of a narrative and the performance between the subjects involved and the diagnosis reveals itself as a puzzle that destabilizes not only the medical paradigms, but also philosophical, political, social, when the disease is connected to other notions, such as memory, person and old age. On this journey, the family appears as measured and unmeasured: if the familiar-caregiver report is critical to the diagnosis, it leads to queries other conflicts that spill over medical competence.